O QUE PRECISA SER MAIS IMPORTANTE?


TEXTOS: Jo 3.25-30
                 2Co 4

Pensando sobre a importância em se perguntar, ou argumentar sobre o que significa, ou qual é a real importância que damos hoje aos sermos “cristãos” numa cultura predominantemente marcada pelo narcisismo.

É claro que talvez para alguns, isso signifique: importância, valor, admiração, reconhecimento.

Isso tem me feito considerar que a busca pela valorização das formas, das pessoas, embora possa representar um caminho necessário fundamental para a igreja do sec. 21, pode também por outro lado representar uma inversão perigosa ou quem sabe uma armadilha perigosa, traiçoeira, para nós e sobre tudo para a igreja ou melhor para as instituições.

Porque o que é muito fácil perceber hoje em dia é nós valorizamos ou preocupamos em valorizar muito mais a forma do que o conteúdo, essa é em certa medida a marca da nossa cultura, da nossa civilização.

No texto de 2Coríntios que lemos, talvez a nossa grande preocupação hoje pensando até mesmo na igreja seja com o “vaso” e não com o “tesouro” contido no vaso. Ou talvez olhando para o testemunho de João Batista, a nossa grande preocupação seja fazer com que Cristo nos torne maiores na medida em que Ele mesmo se encolhe, na maneira como nós nos preocupamos com a nossa própria importância.

Eu escolhi esses dois textos porque de certa forma eles dão o tom para essa preocupação, quando João Batista testemunha a cerca de Jesus dizendo: “Convém que Ele cresça e que eu diminua...” (Jo 3.30) – Ou quando Paulo usa essa imagem ou essa metáfora extraordinária dizendo que; “somos vasos de barro que contém, que carrega um tesouro precioso que é o evangelho de Jesus Cristo” (2Co 4.7).

Mas para que esse evangelho permaneça como preciosidade é preciso que o vaso permaneça como de barro. E hoje o que parece é que a grande armadilha que essa palavra representa pra nós é o risco de valorizarmos o vaso e não o conteúdo dele.

Há um esforço enorme das instituições, das nossas organizações, das nossas denominações, das nossas igrejas locais em preocupar-se em cada vez mais com a imagem e cada vez mais com conteúdo, cada vez mais com a visibilidade da instituição e cada vez menos com o poder e a beleza do evangelho que ela deve proclamar. Nós trocamos a simplicidade pela sofisticação.

Um grande escritor C.S.Lewis num dos livros dele bastante conhecido de todos nós:
que são aquelas cartas de um diabo a seu aprendiz”, e pra quem não leu esse livro são varias cartas de um diabo mestre experiente orientando a um discípulo seu, um aprendiz na arte da tentação.

E na carta vinte e cinco dessas cartas existe uma dessas preciosidades de C.S.Lewis e ele diz assim: - O diabo mestre para o seu discípulo aprendiz: “O que nós desejamos se não houver mesmo jeito e os homens tiverem de tornarem cristãos é mantê-los num estado de espírito que eu chamo de cristianismo e alguma outra coisa – Você sabe: Cristianismo e a crise, Cristianismo e nova psicologia, e por ai vai...Se não houverem saída e eles se tornarem cristãos deixe ao menos como cristãos com um diferencial,substitua a fé em si com alguma moda com um colorido cristão, faça com que eles tenham horror da mesma coisa de sempre.”

E isso é muito interessante,o que o demônio mestre estava dizendo é basicamente o seguinte: o que você precisa fazer com esse cristão se você não conseguir evitar que ele se torne um cristão; faça com que ele seja cristão com um diferencial,faça com que ele se canse de ser simplesmente cristão;em outras palavras leve-o a ter horror da mesma coisa de sempre. Se você incutir nessa pessoa o horror pela mesma coisa de sempre, nós acabamos com a igreja, com o casamento, com a família, com a amizade e com tudo mais.

Bem isso foi escrito na metade do sec. passado, mas o nosso cenário hoje é um cenário de seres humanos cansados das mesmas coisas de sempre. Precisamos inovar, porque não vale a pena ser a mesma coisa de sempre.

Nós vivemos entre essa necessidade de encarar o novo que é um desafio, mas esse desafio traz uma oportunidade, mas ao mesmo tempo uma armadilha. Não basta ser simplesmente cristão é preciso ser um cristão com um diferencial, ser simplesmente cristão não é o suficiente.

Não basta ser simplesmente igreja tem que ser “a igreja” – inovadora. E quanto mais importante for o vaso, menos importante será o tesouro contido no vaso. Quanto maior for a nossa preocupação com a estética, e com aquilo que pode despertar algum tipo de interesse, o risco de enfraquecer o conteúdo, será sempre muito grande.

E como eu disse no inicio a gente tem o narcisismo como pano de fundo para esse desejo, para essa necessidade, essa busca pela nossa importância, por esse diferencial, que imagino que a maioria não sabe exatamente o que significa.

Nós não fomos chamados para sermos importantes, fomos chamados para sermos santos, há uma diferença enorme entre uma coisa e outra. Nós não seremos julgados pela nossa importância ou pelo cargo que eu ocupo no ministério, seremos julgados pela nossa fidelidade a Jesus Cristo Senhor da Igreja.

Eu não estou querendo negar a importância de ninguém, pelo contrario todos tem sua importância e funcionalidade no reino.

A importância não está em sermos reconhecidos publicamente por sermos bons no que fazemos ou deixamos de fazer. A grande importância não estar em termos a melhor banda, a melhor estrutura, o melhor ministério de louvor, e por ai vai...A grande importância da igreja e do evangelho é uma importância oculta.

Paulo ele não está preocupado com essa estética ele diz: 2Co 4.3-5 “Olha o evangelho permanece encoberto para aqueles que ainda permanece cegos. E o evangelho permanece como uma verdade libertadora e redentora para aqueles que o espírito abriu os olhos através da pregação da igreja de Jesus Cristo.”

Paulo não estava preocupado em criar mecanismo pra tornar a sua pregação simpática.Ela era uma verdade abraçada, por aqueles que o espírito ia abrindo os olhos e rejeitada por aqueles que mantiam seus olhos fechados.

 Então para concluir, algumas pequenas propostas:
  •  A importância e a urgência  da 3ª pessoa da Trindade e da obra do Espírito Santo diante do poder e do avanço da tecnologia, que nós vemos hoje é que temos ferramentas e recursos tecnológicos que muitas vezes cria em nós uma presunção.É fácil atrair as pessoas, difícil e fazer dessas pessoas discípulos obedientes de Jesus Cristo e essa obra é do Espírito não é nossa.
  • Nutrir em nós uma dependência sadia de Deus e do próximo.
  • Cultivar as disciplinas espirituais. As disciplinas da oração, do jejum, da simplicidade, e tantas outras disciplinas que marcaram a formação do caráter cristão.
  • Entender que a nossa vocação é a formação de pessoas maduras em Cristo Jesus e não de crentes funcionais eficientes, Paulo escreve aos Gálatas dizendo: “Irmãos por quem de novo sofro as dores de parto até ver Cristo formado em vós”. Gl 4.19.
  • Preservar  Espírito quebrantado e contrito sempre nos conduzirá a realidade sobre quem somos e não a essa percepção narcisista e falsa.
  • Viver em comunhão. E é ai que entra a igreja (comunidade). 
    Nós somos apenas o meio através do qual Jesus Cristo revela o seu reinado e seu sacerdócio na historia.A sua grande importância é fazer com que o nome Jesus Cristo seja glorificado, exaltado.

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