A BELA, A FERA, MOANA E O EQUILÍBRIO CRISTÃO


Eu conheço cristãos que pensam que o entretenimento vindo de televisão ou cinema seja errado em si mesmo, e que os servos de Cristo deveriam evitar acesso a esses conteúdos. Pessoalmente, eu não penso ser errado assistir filmes e seriados. Quando olho para a Palavra acerca desse assunto posso ver algumas diretrizes: não devemos desperdiçar nossos dias, permitindo que esse tipo de entretenimento tome o tempo em que deveríamos estar servindo, trabalhando ou buscando o Senhor (cf. Ef. 5:16); e devemos ser seletivos com o que assistimos, não deixando que a maldade entre por nossos olhos (cf. Lc. 11:34). O lazer é algo que deve ser valorizado na vida humana, pois precisamos descansar. Assim sendo, desde que seja feito de maneira equilibrada e saudável, creio que TV e cinema podem ser uma alegria.
Recentemente vimos a polêmica do filme “A Bela e a Fera”, que muitos cristãos boicotaram por causa da declaração do diretor (ou produtor, não me lembro) acerca de um personagem que seria homossexual. Esse boicote não aconteceu simplesmente pelo homossexualismo na obra, creio eu, mas principalmente porque o público alvo do filme era as crianças e muitos pais decidiram poupar seus pequenos dessa temática.

Só homossexualismo deve ser evitado?

O que eu achei mais curioso e, francamente, triste em toda essa situação foi o fato de que a grande revolta não se deu ao redor de o filme mostrar algo não bíblico, mas simplesmente porque esse “algo” era o homossexualismo. Os pais que não levaram seus filhos para ver essa obra terão de concordar comigo que esse foi o caso, porque se fosse simplesmente para evitar que os filhos tivessem contato com algo não bíblico, francamente eles também deveriam ter evitado vários outros filmes que a Disney e outros já lançaram, a exemplo do recente Moana.
Eu assisti Moana outro dia e foi o que me levou a ponderar fortemente sobre algo que eu creio ser uma hipocrisia de nossa parte, como cristãos. Em Moana, vemos uma garota em busca de um semi-deus, que é o grande heroi e salvador dos humanos; a vemos orar para o Oceano que é uma entidade que a chama para a missão e a ajuda em momentos de dificuldades; e por fim, a vemos encontrar uma deusa da natureza, que é a doadora e criadora da vida.
Pessoalmente, eu creio que ao expormos nossas crianças a esse filme, estamos expondo-as a algo muito mais perigoso do que aquilo que temíamos em A Bela e a Fera. Estamos deixando que elas absorvam a mensagem de que deuses e deusas são o que nos dão vida, nos protegem, nos amam, cuidam de nós e por fim nos salvam. O quão assustador é isso?
Em seu artigo “Você confia seus filhos à Disney?”, publicado no site Desiring God, a autora Jasmine Holmes levantou uma questão importante: porque somente agora, com esse filme específico, os pais cristãos estão atacando a Disney e se sentindo surpresos com os valores que essa empresa defende? Se olharmos para o passado dessa empresa, veremos outros filmes com temáticas bastantes anti-bíblicas: Pocahontas mostra o Panteísmo; A Princesa e o Sapo retrata a magia voodoo; Hércules ensina sobre os deuses gregos, entre muitos outros, culminando no mais recente Moana, do qual já tratei. Seria muita inocência pensarmos que uma empresa secular apresentaria valores cristãos, e não se conformaria com os valores da era em que estamos.
Mas, por algum motivo, pais cristãos têm pensado que uma cena onde dois rapazes dançam juntos é mais perigosa à fé e moral de seus filhos do que todas essas outras temáticas dos filmes anteriores.

Conversa aberta com nossos pequenos

Penso que os pais têm todo o direito (e na verdade, dever) de escolherem e filtrarem o que seus filhos assistirão, mas é preciso que o façamos de forma honesta, e não inocentemente escolhendo apenas um ou outro filme e assunto para “demonizar”.
O grande problema, creio eu, não é a exposição dos pequenos a esses conteúdos, mas a exposição sem acompanhamento. Jasmine, a autora que eu mencionei acima, diz se lembrar de um dia em sua infância em que ela e seus irmãos assistiam Pocahontas. No meio do filme, seu pai parou a fita e abriu a Bíblia em Romanos 1 para explicar a seus filhos a mentira do Panteísmo. Esse pai não colocou seus filhos sob uma proteção de toda e qualquer influência do mundo, mas escolheu estar à frente dessas influências, reconhecendo-as e apontando seus filhos de volta à Verdade.

Quando vemos momentos como esse como oportunidades de diálogo, preparamos nossos filhos para um mundo que, de fato, os bombardeará, mas para o qual eles estarão preparados com a Palavra em suas mentes.

Encontrando equilíbrio

A verdade é que não importa o quanto Moana ou A Bela e a Fera ou o próximo filme da Disney trará de conceitos não-cristãos. A grande questão é que não podemos deixar que o mundo, da maneira que for, crie nossos filhos. Boicotar um filme em específico por causa de um pecado específico não vai evitar que seu filho ouça falar sobre valores mundanos. Isso acontecerá uma hora ou outra. O importante é que estejamos acompanhando eles de perto, sempre prontos para mostrar aquilo que é bíblico e o que não é, retendo o que é bom e apontando o que é mal.
Efésios 6:4 manda os pais criarem seus filhos “segundo a instrução e o conselho do Senhor”. Isso não significa escolhermos certos filmes para boicotar e demonizar, mas levarmos nossos filhos à Palavra a cada momento, com o que quer que seja que eles enfrentem e sejam expostos.
Precisamos encontrar um equilíbrio cristão não só no que os pequenos assistem, mas no que nós assistimos. O quão hipócrita seria boicotarmos A Bela e a Fera, mas continuarmos vendo séries e filmes com personagens abertamente homossexuais? Ou cremos que não podemos ver nada, ou assistimos a tudo com olhos que sabem ponderar e filtrar o que é bom e o que é mal.
Não estou defendendo de que devemos parar de assistir tudo – longe disso. Mas, eu gostaria de ver, a começar em mim, um sentimento de honestidade ao escolher o entretenimento com o qual gastamos nosso tempo. Quero ser ponderada, sabendo que tudo o que eu fizer precisa ser para a glória do Senhor, e que toda mentira que o mundo me conta precisa ser atacada com a Verdade.

No final do dia, podemos decidir entre assistir ou não A Bela e a Fera, ou Moana, ou o próximo filme lançado nos cinemas. Mas, que o façamos com a Verdade em nossas mentes, conscientemente analisando tudo, retendo o que é bom e evitando o que é claramente mal

(Texto retirado do Blog: 
https://gracaemflor.com/bela-fera-moana-e-o-equilibrio-cristao/
https://gracaemflor.com/blog/)

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