NO PASSADO NÃO CABE MAIS NADA...NO FUTURO AINDA CABE TUDO
Olho para trás e sinto apenas saudades
de pessoas que já foram; ou de pessoas que amo e com as quais hoje,
circunstancialmente, não posso conviver.
As pessoas que eu amava e partiram,
deixaram-me saudades curadas—elas se foram, e logo as encontrarei. As que não
partiram, porém com elas não mais convivo—são objeto de minha saudade. Mas é
uma saudade sem passado. É uma saudade de Hoje, da companhia delas—mas sei que
vivem. E sei que sou delas e elas são minhas. Já as pessoas que eu amava, e que
ainda estão vivas, mas que me viram “morta” enquanto eu vivia, por essas senti
coisas diferentes...
Houve as que me fizeram sentir
decepção. Houve as que me fizeram sentir tristeza. Houve as que me fizeram
sentir raiva. E houve as que não me fizeram sentir nada, de tão fria e
distante. Essas últimas eram as que me faziam “amar o amor delas por mim”. Mas talvez
eu nunca as tenha “amado”, naquele sentido profundo do amor que sente
romanticamente a fraternidade. Simplesmente ficaram em algum lugar—existem como
referências na memória, mas não no coração.
E as que me fizeram sentir alguma
coisa ruim, hoje já não fazem sentir nada. No entanto, as que amava, amarei
para sempre. A gente de fato só ama a quem a gente ama. A gente pode até
confundir os suposto amor de outros por nós com amor da gente por eles. De
fato, não passa de resposta amorosa ao amor. Existe um grande conforto no amor
verdadeiro.
Ele não só lança fora o medo, mas
também dá segurança para a vida.
Quando olho para trás não lembro de
eventos, de ocasiões gloriosas, de milhões de oportunidades, de aduladores, de
amigos, de festas, de dias espetaculares, de sofrimentos atrozes, de nada...
Lembro de gente. E, como, lembro com emoção de quem não está porque já “foi”;
ou de quem não está porque não pode—esses, sem dúvida, estão—; afinal, eles
são! Nesse sentido muita gente deve me achar estranha. Mas não estou tentando
me fazer normal ou anormal. Estou apenas dizendo “como sou”. É assim que sou.
Esqueço o que para trás fica e caminho para o que adiante de mim
está. Prossigo para o alvo. Há um prêmio na perseverança. Fui conquistada
para conquistar algo. Sei o que é! As estações passam. Houve coisas que
poderiam ter sido diferentes, em tese. Mas é só em tese. Poderiam, mas não
podiam, por isso não puderam ser. No Passado cabem todas as revisões apenas
como utilidade para Hoje e Amanhã! Foi como foi. É como está sendo. Será! E
poderá sempre ser melhor ou diferente! Nesse processo vivo o dia chamado Hoje,
e faço-o com toda intensidade que a alma derrama sobre o momento. Quem é
honesto com o Hoje, foi honesto com o passado e está sendo com futuro. Só existe
Hoje.
Por isso, o “Silvania Itaboray” de
ontem não me dá a menor saudade. Eu sou Silvania Itaboray, e ontem não existe
mais. Mas, pela Graça de Deus, eu estou aqui. E estou aqui Hoje buscando não
temer ser transformada pela renovação da minha mente. O culto racional é a freqüente
rendição da consciência pessoal à Consciência que vem de Deus como revelação
que faz mudar a mente. Isso é arrependimento! Arrependimento é mudança de
mente. Meta-nóia.
Quando arrependimento não é isso, a
“alternativa” é neurose do passado ou paranóia do presente e do futuro. Por
isso, não lamente por mim. Chore por quem não enxerga a Graça de Deus Hoje.
Chore por quem não crê em ressurreição e em vida. Chore por aqueles que querem
matar a Lázaro apenas porque não podem negar a ressurreição. Chore pelos que
tentam assassinar o Milagre.
O melhor ainda está para vir. Se não
for na Terra, está para vir de qualquer modo. E só mais uma coisa: se você
tiver que passar pelo vale da sombra da morte, me inclua entre esses dois ou
três que estarão com você.
Quem já andou por lá, se sobreviveu,
aprendeu a maior de todas as lições: a solidariedade com os moribundos.
Lembre: NO PASSADO NÃO CABE MAIS NADA.
NO FUTURO AINDA CABE TUDO!
(Adaptação do texto de Caio Fabio)